sexta-feira, 10 de agosto de 2012
O Rei e o ladrão
Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso".
Lucas 23:42-43
O ladrão da cruz é um dos personagens bíblicos mais fantásticos que existem. Não sabemos nem o seu nome, nem o que ele roubou, mas sua atitude na hora H foi decisiva. Assim como Abraão que errou, mentiu, falhou muito na fé, mas que em um momento decisivo na vida, teve a fé, o ladrão da cruz pode ter feito bobagens a vida inteira, mas quando chegou o momento decisivo de adorar, adorou com a fé de um herói do livro de hebreus.
Ele creu através da fé que aquele homem não era culpado e que não era um simples homem, mas alguém especial, ele era Deus. Ele creu nas promessas do senhor sobre a vida eterna e sobre o reino dos céus. Sua vida, ali na morte gerou um impacto enorme nas eras vindouras e até hoje falamos desse homem e suscitamos questões que por sua vida e seu breve, porém profundo relacionamento com Jesus nos revela.
Questões como a “importância ou não do batismo para a salvação” Sabemos que ele não teve tempo de fazer obra alguma. Nem se batizar, nem ofertar dinheiro, nem ir a igreja, nem ler a bíblia. Mas, ele foi salvo pela fé através da graça.
Compreendemos através dele que uma vez fechado nossos olhos aqui o abriremos no céu e não em um purgatório, pois se purgatório fosse real, como explicar um ladrão sem purgatório? Quer dizer que um trabalhador normal tem que passar uma temporada ali, mas um ladrão condenado a mais maldita das punições humanas não? Não dá né... fomos salvos do purgatório católico por meio do ladrão. Quem diria... que loucura....Mas os loucos são sábios, os simples e humildes exaltados por esse fantástico e revolucionário reino dos céus!
Lembre-se do que Jesus disse a ele: "HOJE você estará comigo no paraiso" Não existe fase intermediaria, não existe purgatório ou qualquer outra invenção. Podemos estar seguros de que uma vez tendo fechado nossos olhos nesse mundo, o abriremos e veremos o Senhor!
Aleluia!
O ladrão da cruz é você que se encontra sem condições de ajudar ninguém financeiramente; o ladrão da cruz é você que não tem estudo para compreender tanto teologia, mas pela fé abraça o presente divino. O ladrão da cruz é aquele que não tem muitos dons, mas tudo que tem ainda que seja a fé, transforma em adoração.
Bendito é esse ladrão, bendito somos nós, miseráveis em nossa condição de pecadores, mas abastados em nossa condição de herdeiros da graça e do reino de Deus através de Jesus cristo.
Nele somos importantes, ainda que sejamos apenas ladrões!
Ali naquele momento, Jesus estava no ponto mais baixo de sua glória. Ela estava minguando, desde o Getsemani, Herodes, Pilatos, e agora alcançava seu nível mais baixo. Em meio aquele lugar sombrio, a turba em volta de Jesus zombava de seus feitos e sua pessoa. Você já esteve numa situação de humilhação parecida? De verdade? Na igreja, sempre ouvimos relatos de pessoas que dizem que tal irmão tem alguma coisa contra ela, mas quando vamos investigar, o outro nem sabia sobre o assunto relatado ou no máximo não sabia que alguma atitude tomada tinha causado tanta indignação do ultrajado, ou seja, em mais de 60% dos casos de problemas entre nós, estamos lutando contra fantasmas, contra inimigos que não existem, pelo menos não em carne e sangue. Mas, Jesus, no calvário estava diante de algo muito, mais muito real. Era como cães a querer ver sua carne despedaçada, as pessoas que se amontoavam ao seu redor. Sem dúvida era o momento mais baixo de sua glória e, no entanto, Jesus teve graça e misericórdia para salvar um ladrão moribundo.
Há dias em que me entristeço. Algo acontece dentro de mim, sombras que me rodeiam de maneira agressiva e lentamente eu começo a me esconder dentro delas. Meus pensamentos não se erguem, minha cabeça pesa, minha esperança adoece. Sim, existem dias assim na minha vida. Nesses dias não quero falar com ninguém, não quero ver ninguém, não tenho paciência nem comigo, então como vou ter com os outros?
Que estupido eu sou, que covarde eu me sinto, quando a minha pequenez desses dias encontra o gigantismo de Jesus na cruz, que em seu momento verdadeiramente mais difícil, teve graça com quem estava próximo.
Temos que repensar nossas queixas em nossas manhãs de desanimo, em nossas tardes de silencio e noites de recolhimento. Temos que questionar a nós mesmos se as pessoas ao nosso redor merecem nossa omissão. No mesmo tempo que abandonamos nosso momento egocêntrico, somos levados à revelação de que se Jesus despido de sua glória foi capaz de tanta graça e generosidade, o que ele não fará hoje revestido de toda sua majestade? Que maravilhas nos aguardam! Maravilhas que só não nos permitem murmurarmos por nosso pequeno mundinho egoísta.
Vamos ter um pingo da fé e coragem que teve aquele ladrão!
Foi naquele estado de humilhação e não de glória extrema que ele encontrou Jesus, e em vez de seguir a turba que o cercava, acreditou no que seus olhos não viam! Ele creu em um cristo agonizante, ridicularizado e crucificado, e clamou a ele como alguém cujo o reino sabia que viria com certeza! Seu companheiro de cruz do outro lado já havia se contaminado pela voz do povo e como uma rocha que insurge no oceano, esse ladrão defendeu Jesus dizendo que falavam blasfemas contra Ele. Em meio a dor e agonia, ele teve uma enorme fé e coragem, em meio a um cenário de desprezo ele zelou pela glória que não via, mas cria!
Quão poderosa é a graça do Senhor que derramou nesse homem tamanha fé e que precioso momento da vida foi aproveitado ao responder a esse amor, com adoração em meio ao sacrifício.
Com frequência ouço pessoas questionando a conversão e salvação de outras. “Como pode alguém como ela que viveu a vida inteira fazendo besteira ser salva assim, num instante?” A resposta é: Pode sim. Assim como o ladrão que pode ter feito bobagens a vida inteira, mas em um momento foi esclarecido e salvo.
Essa é a graça que incomoda os fariseus, os legalistas, os “irmãos do filho pródigo”, os “amigos de Jó”. Pessoas que ainda tentam entender a graça em vez de simplesmente aceita-la e comemorar com seus irmãos.
Sim, ainda que você tenha passado toda a sua vida blasfemando contra Jesus, xingando os crentes que lhe apareciam falando do amor de Deus, sim, você tem salvação! Ainda que você tenha passado a sua vida rejeitando e se afastando desse amor, perceba isso, ele AINDA está à sua porta, e você pode aceita-lo. Jesus pode transformar o mais terrível dos pecadores em o mais abençoado dos homens.
Esse homem estava diante dos terríveis resultados de sua vida. As suas obras estavam lhe cobrando o preço, as consequências. No entanto, a graça de Jesus atravessou a lei, pagou o preço e o libertou.
A Oração do ladrão foi simples: “Senhor lembra-te de mim”
Me recordo de José (Genesis) que no calabouço da prisão pediu ao copeiro que este lembra-se dele quando seu posto fosse restaurado pelo faraó. O copeiro se esqueceu. Jesus nunca esquecerá de nós. Jesus jamais nos esquecerá no calabouço. Isso não nos encoraja a orarmos a Jesus agora? Todos nós que nos encontramos em um profundo calabouço de vergonha, de tristeza, de desapontamento, de injustiça, de desprezo... não importa, Jesus nos ouvirá como ouviu o ladrão.
Todo o que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei.
João 6:37
Além de ter escolhido esse homem para ser seu companheiro na morte, que outro privilégio o Senhor da graça lhe concedeu? “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”
Sim, quando Jesus adentrou os portões do paraíso quem estava com ele? Quem é esse que adentra os portais eternos ao lado do Rei da glória? Um honroso mártir da igreja? Um fiel apostolo? Talvez um patriarca como Abraão? Ou um príncipe com Davi? NÃO!
Vejam e se assombrem com a graça soberana, pois quem entra nos portais do paraíso junto ao Rei é um ladrão! Não é salvo de maneira inferior, mas de forma majestosa e atestando o que foi dito:
“Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros".
Mateus 19:30
Queria terminar agradecendo a Deus por não ter deixado para um último momento a minha salvação. Sim, a passagem do ladrão da cruz entrega a humanidade um legado maravilhoso de que há sempre esperança enquanto houver vida. Porém eu me regozijo na graça de Deus em não me deixar cair na cilada que muitos caem ao pensar que podem simplesmente “driblar” a responsabilidade da vida deixando para a última hora essa reflexão, essa entrega. Deus foi bondoso comigo me permitindo ter tempo útil para lhe servir nessa terra. Não que isso desabone a graça e exalte alguma obra, muito pelo contrário, a graça é exaltada quando demonstrada seu exercício de piedade. Podemos encontrar nossa redenção no fim da vida, mas não necessitamos esperar e muito menos testar a Deus deixando isso para mais tarde. Não sabemos se o dia de amanhã virá e sabemos que Deus conhece os nossos corações. Quem se utiliza de tal artificio é tolo e certamente ainda não entendeu que o amor de Deus não anula sua justiça.
Satanás tem iludido a muitos os fazendo ser ingratos para um Deus bondoso, os fazendo provocar a Deus já que é revelado que Ele é paciente. Essa é uma conduta indigna e ingrata e pode vir a ser fatal. O Senhor certamente salvará quem se arrepender, mas como você sabe que irá verdadeiramente se arrepender no futuro? Um ladrão foi salvo, mas o outro não. Um foi salvo e isso nos traz alivio, mas o outro foi perdido e isso nos alerta para a soberba da alma humana.
Sou grato por me converter a algum tempo, mas sinceramente, gostaria de ter podido servir desde menino ao Senhor. Tenho muito a agradecer a Deus pela sua misericórdia em minha vida. Talvez, eu tenha roubado muito mais do que o ladrão da cruz. Eu roubei tempo de vida, de vida aos pés do Senhor. Por isso, agradeça a Deus como eu por fazer parte desse reino privilegiado, e se não faz ainda não perca tempo, pois não há honra maior nessa vida!
NALDINHO.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Discipulado: relacionamento.
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos".
Mateus 28:19-20
Jesus é o nosso mestre. Somos seus discípulos. Ele compartilha conosco sua alegria, sua paz, seu espirito; ele nos delega autoridade e legitimidade para invocarmos o pai dele como se fosse o nosso próprio pai. Nesse processo, nesse caminhar com Jesus vamos nos tornando semelhantes a ele, como se fossemos “pequenos cristos” na terra. Ao estarmos com outras pessoas, multiplicamos esse discipulado, multiplicamos os discípulos de Jesus, os “pequenos cristos.
A questão é que fazer discípulos não é apenas ensinar as coisas que jesus mandou, mas ensinar a guardar. Não é uma transferência de doutrinas, de crenças, mas um ensinar a viver. Nós precisamos muito mais do que teorias, livros, reuniões, vídeos. Nós precisamos de relacionamento. Livros, apostilas, reuniões formais nos ensinam realmente o que jesus deixou, porém essas coisas não nos ensinam a guardar aquilo que ele ensinou e é isso que precisamos fazer. Isso se faz quando nos relacionamos uns com os outros.
Aprender que devo perdoar não necessariamente é aprender a perdoar. Aprendo isso perdoando. Ficar sabendo que devo amar, não necessariamente me ensina amar. Eu só faço isso amando, e para amar eu preciso me relacionar. Experiências como Justiça, compaixão, perdão, amor, solidariedade...só aprendemos convivendo uns com os outros.
É triste ver pessoas que se tornam bons professores dos ensinamentos de Jesus, porém péssimos praticantes destes mesmos ensinamentos. A liturgia os tornou tão distantes de todos que eles não conseguem demonstrar mais o que são, se ainda o são. Tenho pelo menos dois amigos que deixaram de ser amigos quando se tornaram líderes. Tudo começou com pequenas restrições, ou seja: se antes eles riam a vontade de uma piada, agora escondem a alegria para não parecerem “fúteis”. Eles “perderam” seu time do coração, depois a preferência por pratos, candidatos ou partidos; Eles tem medo de dar qualquer opinião que vá contrariar qualquer pessoa. Porém, como ninguém consegue agir assim o tempo todo eles passaram a se esconder em casa e em cima de um púlpito, por trás de um título. Se tornaram estranhos comunicadores de cristo, mas nem de longe são “pequenos cristos” que se misturam ao povo, que visitam os amigos e compartilham seu amor. Eles podem até ensinar a vontade de Jesus, mas não vão conseguir ensinar a guardar essa vontade.
Discipulado é relacionamento, sem dúvidas! Deus se fez homem para se relacionar com o homem.
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