SAUDADE

"Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam." (I Coríntios 2 : 9)

O Português nos presenteia com essa palavra única. Palavra bonita, de sonoridade melodiosa que quando ouvida nos remete a uma profusão de memórias, sejam elas de cheiro, de cor, de sons ou imagens diversas.

Saudade é tão melodiosa quanto melancólica, agora mesmo me lembro das tardes em casa com minha mãe e o cafezinho delicioso que ela preparava enquanto me contava alguma história ou mesmo me advertia sobre alguma preocupação dessas que permeiam sempre a mente de qualquer mãe. Parece que sinto o cheiro do café da Dona Bel; parece que posso ouvir sua voz mesmo que já se tenham passado mais de 30 anos.

Compreendem também as propriedades da saudade, particularidades poderosíssimas e transcendentais como aquela que nos faz sentirmos falta de alguém ou algum lugar que nunca conhecemos. Já aconteceu isso com você? Comigo já, varias vezes, principalmente quando o assunto é Deus e o Céu.

Ao observar na tv as dramáticas cenas envolvendo a população do Rio de Janeiro, tão carente de Justiça e Paz, algo dentro de mim me remete a um estado estranho de saudade, saudade do Céu, lugar onde nunca estive, mas que sei que existe e lá não há lugar para injustiça, para dor, para lágrimas, só paz. Porque lá reina soberano, Jesus, alguém que nunca vi, mas que se faz cada vez mais presente em minha vida.

Nesse apresentar meio à conta gotas, Jesus já despejou presença suficiente em minha vida para eu me sentir angustiado por ver sua face e extremamente saudoso por essa sensação plena de paz.

Minha mente viaja pra muito além da tela da televisão, ultrapassando a guerra mesquinha, a corrupção, a deterioração do ser humano exposta no jornal nacional, minha mente viaja muito além dos conflitos tolos do trânsito maluco. Ela desliza sobre nuvens, se projeta sobre asas de querubins, abre os canais auditivos do espirito e sonha estar ouvindo as melodias fantásticas que ecoam pela eternidade. A paz, a plenitude do amor está no rosto dele, que saudade Dele....

A buzina toca atrás de mim, volto pra terra, o cara do “Fiat” esbraveja, solta um palavrão, braço erguido, deve estar xingando a minha mãe. Se eu que dei uma voltinha imaginária por lá to nessa paz, imagina ela que já tá lá com Jesus faz tempo...

Que saudade!

Naldinho.